Criatividade no Ensino: Estimulando Aprendizagem e Inovação

Criatividade no Ensino: Estimulando Aprendizagem e Inovação
  • Equipe PlureeEquipe Pluree
  • 10 ago, 2023
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Criatividade no Ensino: Estimulando Aprendizagem e Inovação

O uso da criatividade no ensino e aprendizagem é uma abordagem estratégica amplamente estudada no meio acadêmico e aplicada em diversas áreas profissionais. Na educação, é crucial estimular e desenvolver a criatividade nos alunos, juntamente com outras habilidades como empatia e raciocínio lógico.

Portanto, para nossas reflexões, utilizamos a pesquisa da renomada professora Katja Tschimmel como referência. Ela se destaca nos estudos sobre criatividade, especialmente aplicada ao ensino do design. Embora sua pesquisa se concentre nesse campo, suas contribuições podem ser aplicadas em diversas disciplinas e áreas educacionais.

Primeiramente, a autora indica a abordagem construtivista como uma forma também de construir o repertório criativo. Ainda mais por envolver um processo contínuo de aprendizado, em que o conhecimento prévio do aluno é constantemente confrontado e realimentado com novos conceitos. À medida que o aluno interage com o mundo, ele se transforma como indivíduo, e sua percepção e interação com o ambiente externo muda.

A autora apresenta algumas características que podem ser analisadas e aplicadas no ambiente educacional, tais como:

  • Participação dos estudantes no planejamento, incluindo a negociação de objetivos pedagógicos com os professores.
  • Escolha conjunta de temas e conteúdos de aprendizagem pelos alunos e professores.
  • Respeito às necessidades individuais de aprendizagem, considerando métodos variados de ensino.
  • Valorização do tempo de aprendizagem como algo que vai além de uma simples aula expositiva. E reconhecer a importância do ritmo dos estudantes.
  • Valorização da avaliação, com enfoque na responsabilidade, autoavaliação e metacognição.
  • Novo papel dos docentes, atuando como instrutores, orientadores e apoiadores.

Esses fatores reduzem as barreiras entre alunos e professores, bem como entre alunos e o próprio processo de ensino. Essas barreiras podem inibir a capacidade criativa dos estudantes, levando à falta de motivação. Modelos educacionais que promovem a passividade dos alunos geralmente resultam em relações frias e imperativas entre alunos e professores.

Parcerias na sala de aula fomentam a criatividade

Ao estabelecer parcerias entre professores e alunos, e entre os próprios alunos, criamos um sistema de troca recíproca de experiências. Assim, essas interações geram novos conhecimentos que se integram aos conhecimentos prévios, abrindo caminho para a descoberta de novas ideias. Além disso, as interações com outros atores promovem uma fusão do antigo com o novo, resultando em algo ainda mais inovador.

No entanto, a abordagem de Tschimmel ressalta a necessidade de mudança na postura do professor. É preciso abandonar aulas excessivamente expositivas e posicionar-se ao lado dos alunos, atuando como um facilitador do conhecimento. Nessa perspectiva, o conhecimento do professor é provisório e serve como suporte para que o aluno construa seu próprio conhecimento. Além disso, é importante que a interação entre professor e aluno ocorra em perspectivas diferentes, permitindo que cada parte compreenda o raciocínio do outro e criando novas abordagens para o ensino.

Edgar Morin acrescenta que o professor deve introduzir a racionalidade aberta em suas abordagens pedagógicas, em vez da racionalização fechada. O professor criativo não deve apenas transmitir conhecimento de forma padronizada e induzida. Do contrário, deve estimular a exploração de novos conceitos de maneira individualizada, independentemente dos erros. Todo conhecimento envolve o risco de erro e ilusão, e a educação do futuro deve abordar essa dualidade para garantir o uso da criatividade no ensino.

Considerar a experiência criativa mais que o resultado objetivo

O pensamento criativo não recebe uma exploração ampla nas escolas, já que geralmente avalia-se a performance dos alunos ao observar os resultados. Neste caso, não se consideram as próprias experiências em si, possivelmente devido à dificuldade de mensurar a criatividade. Quando alunos não são direcionados exclusivamente para o resultado final, florescem a liberdade de pensamento e o estímulo à imaginação. Isso permite que os alunos explorem novas áreas e experimentem diferentes abordagens para resolver desafios. Portanto, é essencial encontrar maneiras de aumentar a motivação dos alunos, pois ela é um fator determinante para um aprendizado efetivo e consistente.

Fatores socioemocionais impactam o desenvolvimento criativo

O aprendizado não é influenciado apenas pela relação entre aluno e professor, mas também pelo preparo socioemocional do aluno. Por isso, lidar com situações como o medo e a exposição ao ridículo diante dos colegas são fatores bloqueadores do pensamento criativo. Esses aspectos devem ser abordados no processo de ensino-aprendizagem, sendo necessário abordá-los de forma individualizada para cada aluno.

Tschimmel e Morin afirmam que o novo gera incertezas, e essas incertezas levam o aluno a uma atmosfera desconhecida. Isso propicia experiências não vivenciadas anteriormente, o que normalmente é um estímulo à criatividade. Nesse sentido, o papel do professor é proporcionar oportunidades para que o aluno vivencie o acaso naturalmente em suas atividades. Afinal, lidar com situações reais com olhar crítico reduz frustrações, que é um sentimento inibidor da criatividade.

As aulas criativas requerem a adoção de abordagens pedagógicas inovadoras que estimulem a imaginação e o pensamento criativo dos alunos. Uma estratégia eficaz é incorporar atividades práticas e colaborativas, nas quais os alunos possam se envolver ativamente. Isso pode ser feito por meio de experimentos científicos, discussões em grupo, jogos educativos e outras formas de aprendizado interativo. Ao permitir que os alunos tenham liberdade para explorar, experimentar e encontrar soluções para problemas reais, a aula se torna um espaço propício para o desenvolvimento da criatividade.

Atenção a conteúdos desconectados da realidade do aluno

Além disso, é importante estabelecer uma conexão entre o conteúdo acadêmico e a realidade dos alunos. Isso pode ser feito relacionando os conceitos e habilidades ensinados com situações do mundo real e exemplos práticos. Ou seja, ao demonstrar a relevância e aplicabilidade do conhecimento, motiva-se diretamente os alunos a gerarem alternativas para os desafios. O uso de recursos audiovisuais e visitas a locais externos estimulam a conexão com o mundo real. Além disso, palestras de pessoas externas e o incentivo à pesquisa independente conectam a realidade externa com a escola. Dessa forma, a aula se torna mais estimulante e os alunos se sentem engajados e inspirados a explorar novas ideias.
Dica Pluree: Assista à entrevista do professor Luis Carlos de Menezes da USP sobre aula criativa.

O ensino com projetos como abordagem criativa

Uma atividade prática que pode estimular a criatividade em sala de aula é o desenvolvimento de projetos. Os alunos podem ser incentivados a escolher um tema de interesse e a trabalhar em equipes. E esses projetos devem envolver pesquisa, experimentação e criação para se tornarem mais factíveis à percepção dos alunos. Por exemplo, em uma aula de ciências, é possível desafiar os alunos a projetarem e construírem um protótipo funcional. Essa atividade permite que os alunos apliquem seu potencial criativo, explorando diferentes soluções, experimentando materiais e testando ideias inovadoras.

Atividades lúdicas como abordagens criativas

Outra atividade prática que estimula a criatividade é o uso de jogos de improvisação ou dramatização. Essas atividades permitem aos alunos se expressarem ludicamente, explorando diferentes papéis, criando histórias e solucionando problemas de forma improvisada. Assim, por meio da dramatização, os alunos exercitam a imaginação, a expressão verbal e não verbal e a interação. Além da criatividade, isso contribui para o desenvolvimento da empatia, da comunicação efetiva e da confiança, habilidades importantes tanto na vida pessoal quanto profissional dos alunos.

As aulas criativas representam uma abordagem educacional empolgante, capaz de inspirar e transformar a experiência dos alunos. Por isso, ao incentivar a criatividade, a colaboração e a conexão com o mundo real, podemos preparar os estudantes para os desafios do futuro. Aproveite os benefícios das aulas criativas e crie um ambiente de aprendizado envolvente e estimulante para seus alunos.

Referências bibliográficas:

MORIN, E. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. Tradução de Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. 2. ed. São Paulo: Cortez; Brasília: UNESCO, 2000. 118p.
SANCHIS, I. P; MAHFOUD, M. Construtivismo: Desdobramentos Teóricos e no Campo da Educação. Revista Eletrônica de Educação. São Carlos: UFSCar. v. 4, n. 1, p. 21-26, 2010. Disponível em: http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/reveduc/article/viewFile/120/86. Acesso em: 30 de março de 2013.

TSCHIMMEL, K. C. Sapiens e Demens no Pensamento Criativo do Design. Aveiro (Portugal): Universidade de Aveiro, 2010. 595 p. Tese de Doutorado em Design, Universidade de Aveiro, Deparatamento de Comunicação e Arte. Aveiro, 2010. Disponível em: http://ria.ua.pt/bitstream/10773/1270/1/2010000838.pdf. Acesso em: 08 de agosto de 2012.